domingo, 21 de outubro de 2012

Avivamento, unidade e adoração.

Temos tido muita ênfase nos últimos anos nesses três aspectos da vida cristã e gostaria de unir os três nesse artigo.

A vida cristã não pode ser vivida em departamentos e é um erro pessoas dizerem, por exemplo, que "adoração não é para mim, meu foco é evangelismo" ou vice-versa ou outro qualquer exemplo que queira dar. Precisamos entender que todas as coisas se interligam e que de alguma forma devemos desenvolver e atentar para todos os aspectos da vida cristã, ainda que tenhamos dons e características que nos direcionem mais a certos aspectos do que a outros.
Antes de tentar unir essas três palavras, queria dar uma definição pessoal sobre elas. Talvez os conceitos que tenho coincidam com os seus ou se completam ou mesmo sejam opostos aos seus. Se forem opostos ou se você quer acrescentar algo a esses conceitos, gostaria de conhecer o que você pensa para tentar ampliar o que entendo sobre esses assuntos, por favor, me escreva.
Avivamento: é a vida de Deus fluindo de forma intensa no Seu corpo que é a igreja. É a vida de Deus fluindo em mim e através de mim, ou seja, entrando e saindo vida de Deus através da igreja como corpo e em cada cristão individualmente.
Unidade: é a capacidade de coesão entre cada pequena partícula do corpo, possibilitada pela sua união com outros membros e com a cabeça. Qualquer membro desconectado de um (outros membros) ou de outro (a cabeça, centro de comando do corpo) perde a sua característica de unidade uma vez que não consegue desempenhar totalmente suas funções. Outra coisa importante é que a unidade não está condicionada a projetos que possamos desenvolver juntos, mas sim a estarmos ligados nos membros e no cabeça. Um indivíduo ou grupo de pessoas poderá nunca fazer nada junto com outros em termos de projetos e ainda assim estarem vivendo em plena unidade.
Adoração: é uma atitude de prostração e entrega diante do Senhor Todo Poderoso. É uma vida onde seja lá o que for que se estiver fazendo torna-se um ato de entrega e rendição ao Senhor. É tocar a Jesus de alguma forma, seja com cânticos, com nossa vida de oração, com um cuidado a um de seus pequeninos, etc. Não creio numa adoração simplesmente vertical onde tocamos ao Senhor e somos cheios e cheios e cheios e não deixamos essa adoração se expressar também na horizontal tocando a Jesus através de um cuidado aos seus pequeninos. "Tive fome e destes de comer, tive sede e me destes de beber, .... fizestes isso a mim quando o fizeste a um de meus pequeninos".
Que relação então há entre essas palavras?
Quando buscamos e clamamos por avivamento, e isso é muito importante e necessário, estamos dizendo ao Senhor que reconhecemos nosso estado e que precisamos desesperadamente do fluir cada vez maior de Sua vida. A busca por avivamento deve ser algo constante em nós e na minha opinião é um erro dizer que o alcançamos. Pelo simples fato de que sempre haverá mais intensidade de vida de Deus a fluir em nós a medida em que nos humilhamos e reconhecemos que não somos nada diante de Sua glória e presença. Sempre haverá mais enquanto nos mantivermos famintos e sedentos. Agora quando dizemos que já temos estamos de certa forma declarando que estamos chegando a um ponto de satisfação o que é o princípio do término do fluir do Senhor. A pior posição de um cristão é quando ele se diz satisfeito, pois a partir daí o fluir da vida de Deus começa a diminuir. Temos então que ser imensamente gratos por tudo que recebemos do Senhor e ao mesmo tempo permanecer insatisfeitos com nossa condição, pois há sempre mais em Deus. Por esses motivos creio ser um erro dizer que já alcançamos o avivamento. Para mim há coisas que quando temos não conseguimos enxergar que temos, por exemplo, você nunca verá uma pessoa verdadeiramente humilde se considerar como tal, o mesmo para uma pessoa reconhecidamente sábia, ela sempre saberá que há algo mais na sabedoria de Deus e que apesar de tudo o que tem recebido ainda há muito mais. O avivamento se encaixa nessa categoria de qualidades pessoais, quem tem não consegue reconhecer que tem e é apenas visível a terceiros. O avivamento genuíno na vida de alguém é algo que a história irá contar e não uma história que essa pessoa tentará provar que tem.
Ao clamarmos então por avivamento, sabendo que sempre haverá mais, estamos na verdade pedindo ao Senhor por um fluir de Sua vida em cada um de nós. Pedimos que entre e saia vida em nós e através de nós, cada vez com mais intensidade. Muitas vezes não atentamos para isso, mas é necessária uma disposição total pela UNIDADE da igreja quando clamamos por avivamento. Pois devemos estar prontos a receber e compartilhar a vida do Senhor através de Seu corpo. É preciso então estarmos prontos a receber o fluir de vida do Senhor de diferentes partes do corpo, ou seja, inclusive daqueles irmãos com os quais não temos muita afinidade ou com os quais temos algumas divergências "doutrinárias". Mas se eles mesmo assim fazem parte do corpo será necessário que estejamos prontos, a saber, receber o fluir de vida do Senhor através deles e deixar fluir a vida do Senhor de nós para eles. Sem isso nunca teremos um avivamento pleno, pois estaremos tentando restringi-lo a uma parte do corpo com a qual temos mais afinidade que pensa igual ou semelhante a nós. O mesmo acontece quando tentamos formatar outras pessoas e grupos a se tornarem como nós como um pré-requisito para se experimentar o avivamento, aí também não haverá genuíno avivamento. Há nesses casos o grande perigo de se criar mais uma atitude religiosa do que qualquer outra coisa. Precisamos então saber conviver com a diversidade do corpo de Cristo e achar nessa diferença uma força e não uma fraqueza. Nenhum grupo ou indivíduo tem em si mesmos a revelação completa do Senhor, e precisa reconhecer essa sua limitação para poder viver uma unidade verdadeira com todo o corpo. Quanto mais exclusivistas somos menos avivados poderemos ser, pois o fluir da vida não será pleno.
Vemos então uma ligação intensa entre avivamento e unidade. Agora, o que as duas palavras tem a ver com a adoração?
Jesus disse em João 17 que ele tem nos transmitido a glória que o Pai deu a Ele para que fossemos um e que deveríamos ser um para que o mundo creia. Vemos então que nessa transmissão de glória é o momento ou um dos momentos em que somos capacitados a ser um com nossos irmãos ainda que sejamos tão diferentes. A bíblia também nos diz que somos transformados de glória em glória. Ou seja, estarmos constantemente sob a glória de Deus é o que irá nos capacitar a ser um em Cristo, é o que nos trará uma identificação com todo o seu corpo, ou seja, com toda a sua igreja. Quanto mais permanecermos sob a Sua glória, tanto mais seremos um e conseqüentemente tanto mais avivados, uma vez que o avivamento vem do fluir da vida de Cristo no corpo.
A nossa vida de verdadeiro adorador, que se expressa em cada pequena atitude que tomamos no decorrer do dia, o nosso tempo a sós com o Senhor em prostração diante de Sua presença, a nossa vida totalmente rendida e dedicada a Ele como uma atitude de adoração, irão subir como "fumaça" ou "vapor" até os céus e será respondida por Ele como chuva sobre nós. Creio que essa é a transmissão de glória que Jesus se referia naquele versículo. Assim como no natural para que haja chuva deve haver antes a evaporação, no mundo espiritual para que haja esse derramar de Deus sobre nós é necessário um constante elevar de incenso (vida de adoração) à sua presença.
Creio que a história contará o que aconteceu no tempo em que vivemos hoje e que não cabe a nós dizer que já alcançamos isso ou aquilo, mas devemos continuar todos os dias olhando para Jesus e buscando desesperadamente a sua presença a cada instante, se é que estamos realmente a fim de que o mundo creia.

Abraços

Por Nelson Tristão

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