
As escalas de madeira necessitam de manutenção quando apresentam irregularidades em sua estrutura (torção, empenamento, desgaste) para garantir um melhor desempenho do instrumento e sua preservação.
Os trastes frequentemente apresentam problemas para o músico. Sofrem desgastes, soltam da escala, geram trastejamento etc. e, como todas as partes dos instrumentos, também necessitam de manutenção periódica que garanta um resultado sonoro satisfatórioe uma boa tocabilidade.
Abaixo será mostrado como troca-se os trastes e faz o nivelamento dos mesmos num contrabaixo.

1) Retirada do nut : O nut é aquela peça de plástico, osso ou metal que importante na altura e orientação das cordas até as tarraxas na região do headstock e até a ponte (ao longo do braço). Neste local (braço), a altura e orientação das cordas também é dada pela ponte (guitarras e baixo) ou rastilho (violões e afins).
Com o braço preso na bancada pelo headstock, usamos um formão e um martelo de acrílico e através de batidas leves desgrudamos a peça da cavidade sem comprometer sua estrutura. O nut descola da cavidade com a pressão e é possível retirá-lo com um alicate caso não desgrude facilmente.
É boa dica tem um outro em mãos caso o mesmo venha a quebrar….aí teremos de corrigir sua altura e posicionamento (outro assunto a ser desenvolvido posteriormente).
Com o braço preso na bancada pelo headstock, usamos um formão e um martelo de acrílico e através de batidas leves desgrudamos a peça da cavidade sem comprometer sua estrutura. O nut descola da cavidade com a pressão e é possível retirá-lo com um alicate caso não desgrude facilmente.
É boa dica tem um outro em mãos caso o mesmo venha a quebrar….aí teremos de corrigir sua altura e posicionamento (outro assunto a ser desenvolvido posteriormente).

Neste caso eu quebrei a peça, confesso!
Eu nem ia divulgar este fato. Só não espalhem, por favor….rrrrrssssssss…..
2) Retirada dos trastes: Para retirar os trastes com o formão e o martelo é importante posicionar a lâmina no vão entre o próprio trastes e a escala pela lateral (assim como na foto) e bater muito levemente de modo a não danificar a escala. Com este procedimento o traste levanta levemente nos cantos.

E assim é possível, com um alicate torquesa (ou torquês), soltá-lo gradualmente até que se desprenda completamente da escala.

Como o traste possui travas, no momento de soltá-lo da escala pode acontecer de lascar a madeira. Neste caso é só sujeira mesmo.

Imagem do apocalipse. Trastes podres e escala totalmente riscada. Mas isso vai mudar!

Ajustando o tensor para que ele tenha ação depois do nivelamento. Caso a madeira esteja muito prejudicada e houver a necessidade de acionar totalmente o tensor para compensar um empenamento, por exemplo, o diagnóstico não é nivelamento da escala. Neste caso a troca da escala ou até mesmo do braço pode ser o melhor caminho apesar de não ser o mais fácil.

Com um toco de madeira (reto de preferência, afinal estamos falando de nivelamento e não o contrário), uma lixa 80 e pressão moderada damos início a retífica da escala.
Toda escala possui um raio de curvatura, por isso, acompanhar o desenho do raio durante a lixagem da madeira mantém a escala no mesmo padrão inicial.
Utilizar um bloco com o mesmo raio da escala é uma outra opção.

Com uma régua de metal, confere-se toda extensão da escala. Para saber se o nivelamento está bom, meça a escala em três partes: as duas laterais e o meio.
Uma dica: dependendo do calibre das cordas a serem utilizadas, deixe uma leve curvatura negativa com a afinação das cordas o braço ficará reto.

Traste médio jumbo.

Com o nivelamento da escala, há a diminuição de massa de madeira, portanto as cavidades dos trastes podem ficar mais rasas.
Para fazer esta verificação, utilizei uma lâmina de estilete para medir a profundidade da haste do traste.

Lâmina com a delimitação da haste marcada com uma lapiseira.

Verificação de cada cavidade.
Se a linha desenhada na lâmina não passar por dentro da cavidade, significa que precisa aumentar sua profundidade para abrigar toda extensão da haste do traste.

Com um serrote específico (0,06mm de expessura), aumenta-se a profundidade das cavidades até que a marca feita na lâmina não apareça na verificação.

Corte dos trastes.
Como comprei o rolo de trastes tive que fazer o corte individual para cada casa.
Lembrando que é possível comprar o jogo de trastes já cortados. O único problema é que estes geralmente não vêm curvados, acompanhando o raio da escala. Neste caso seria necessário curvá-los manualmente.

Suporte marcando os trastes de cada casa… afinal cada traste tem um comprimento de acordo com cada casa.
O importante é se organizar e fazer seu trabalho render!

Com um “tapetinho” para preservar o braço das marteladas contra a mesa, a instalação dos trastes começa com o martelo assentando o mesmo nas cavidades.

Todos os trastes devem estar com a cabeça encostada totalmente na escala. Sem vãos.

Retirada das rebarbas com alicate turquesa. Tomando cuidado para não cortar um pedaço da lateral da escala junto.

Gotas de bonder nos vãos das cavidades dos trastes, pela lateral da escala.
A cola penetra e segura o traste.

Nivelamento lateral dos trastes: como podem perceber sempre tem um dispositivo facilitador nas horas mais difíceis. Neste caso é uma lima colada em um pedaço de madeira.
A lima deve manter-se perpendicular a escala e retirar todo excesso de trastes pela lateral em ambos os lados.

Angulação da lateral dos trastes para acabamento.
A lima deve manter-se angulada por igual durante sua passagem em toda extensão da peça.

Dica: não acentuar demais o angulo.

Acabamento com lixas 220 e 400 respectivamente.

Agora sim começa o nivelamento dos trastes.
Primeiro isola-se a escala com fita crepe. Ou não… vai da consciência de cada um!

Conferindo com a régua a altura dos trastes. Uns mais altos outros mais baixos. Normal depois de algumas marteladas… umas mais fortes, outras mais fracas.

Mesma idéia do nivelamento da escala, começando o nivelamento dos trastes com um taco reto (sem comentários) e uma lixa 120.
O taco com lixa deve seguir o trajeto: lateral, meio, lateral – para cobrir toda extensão dos trastes.

Novamente a régua de metal como parâmetro do nivelamento.
Os trastes devem encostar na régua em todos os pontos: lateral, meio, lateral.
Quando isso acontecer, inicia-se o acabamento com lixa 220 e 400 respectivamente seguinto o mesmo trajeto do taco no nivelamento.

Trastes nivelados e com acabamento.


A próxima etapa é o arredondamento das laterais dos trastes.
Existem diversos métodos para realizar este trabalho, mas optei pela micro retífica com um disco de borracha. Apenas para quebrar a quina dos trastes.

Resultado do arredondamento com a micro retífica.

Polimento com lixas 400 e 1200.

Posteriormente, uma palha de aço para dar mais brilho.

Cera de carnaúba para finalizar o polimento.

Agora sim a última etapa de finalização na politriz.

Resultado do polimento.

Resultado do trabalho de nivelamento de escala e trastes.
Com a montagem do instrumento é necessário verificar novamente o tensor devido a tensão das cordas e se ocorre trastejamento em determinada região. Leia também o tutorial sobre como diagnosticar um trastejamento:
Fonte: http://vintagemusicware.wordpress.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário